O ministro do STF Alexandre de Moraes repreendeu Marco Antônio Freire Gomes. O ex-comandante do Exército mudou partes de seu depoimento à Polícia Federal.

Essa repreensão ocorreu após vídeos de depoimentos virem a público. Os registros foram divulgados pelo Supremo nesta terça-feira (3). A investigação trata de uma possível tentativa de golpe de Estado em 2022.

Contradições nos depoimentos preocupam STF

Freire Gomes prestou depoimento ao Supremo no dia 19 de maio. Foi ouvido como testemunha de acusação. No entanto, suas falas geraram desconfiança por aparentes contradições.

No depoimento à PF, o general afirmou que Bolsonaro havia discutido minutas golpistas com militares. Também teria mencionado apoio do então comandante da Marinha, Almir Garnier. Porém, ao STF, negou lembrar desses detalhes.

A divergência mais polêmica, no entanto, envolve uma possível ordem de prisão a Jair Bolsonaro. Segundo o ex-comandante da FAB, Carlos Baptista Júnior, esse momento existiu. Freire Gomes teria reagido firmemente às intenções antidemocráticas do então presidente.

Contudo, no STF, Gomes minimizou o episódio. Alegou que houve uma má interpretação e que apenas alertou Bolsonaro de forma cordial.

Moraes cobra verdade e lembra crime de falso testemunho

Durante o depoimento, Moraes não deixou a situação passar em branco. Alertou o ex-comandante sobre o risco de omitir informações ou mentir. Lembrou o artigo 342 do Código Penal, que trata do crime de falso testemunho.

O ministro foi direto. Disse que, se Gomes mentiu à PF, deveria reconhecer o erro. Segundo Moraes, não é aceitável alegar “falta de memória” no STF. Principalmente em um tema tão grave quanto uma tentativa de golpe.

O jurista também destacou o papel de Freire Gomes como militar de alta patente. Assim, disse que ele deveria estar preparado para lidar com tensão. E que, como testemunha, tem a obrigação legal de dizer a verdade.

Impacto das falas e possíveis desdobramentos

As falas contraditórias de Gomes podem ter consequências legais. Se for comprovada mentira, ele pode ser responsabilizado criminalmente. No entanto, isso pode afetar também a investigação principal sobre a tentativa de golpe.

Vale lembrar que as apurações estão em fase avançada. E o STF já ouviu diversas testemunhas de alto escalão das Forças Armadas. Segundo especialistas, essas declarações formam um mosaico de versões que precisa ser esclarecido.

O caso atrai atenção nacional e internacional. Um possível golpe de Estado, mesmo frustrado, representa ameaça direta à democracia. E envolve lideranças militares que deveriam zelar pela Constituição.

A repercussão também reacende debates sobre o papel das Forças Armadas na política. Para muitos, o comportamento de alguns oficiais levanta alertas importantes sobre a necessidade de preservar o Estado democrático de direito.