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O jovem Isac Rodrigues de Miranda foi solto após passar 57 dias preso. Ele foi acusado de aplicar o golpe conhecido como “Boa Noite Cinderela” em um turista russo, em uma boate no centro de São Paulo, em novembro do ano passado. A vítima teve o celular e o cartão do banco roubados dentro do banheiro, onde desmaiou após consumir cocaína com o autor do crime.
“Tratado que nem um lixo, é horrível, a pior sensação que você pode sentir”, desabafa Isac. Por sua vez, Alessandra Rodrigues, tia do jovem, conta: “Não tem explicação o que eu tô sentindo agora de ver ele liberto, poder voltar à vida dele. O patrão dele ligou e falou: ‘tô esperando o Isac sair’.”
Cerca de um mês atrás, o SBT mostrou o drama de Isac. O extrato bancário do turista indicava que seu cartão foi usado em uma maquininha registrada em nome de “Isac Rodrigues Da.”. O turista buscou o nome nas redes sociais, encontrou o perfil de Isac e o identificou como autor do golpe, mesmo estando bêbado e drogado quando foi vítima.
A polícia solicitou a prisão de Isac, autorizada pela Justiça, sem que ele fosse ouvido. “Falaram ‘tem um mandado pro Isac’, me pegaram, vasculharam minha casa, não acharam nada de ilícito e me colocaram na viatura. E eu tentando explicar: ‘Não, mas como? Você bateu na casa errada, aqui é casa de trabalhador, pô. Nunca fiz nada errado, nunca entrei numa delegacia.’ Eles não quiseram saber de nada”, relatou Isac.
Isac só foi libertado após a juíza ouvir os policiais responsáveis pela investigação. Um dado básico — o registro de entrada na boate — provava que ele não esteve no local no dia do crime. Essa informação foi solicitada pela defesa, e não pela polícia, que deveria ter buscado essa prova primeiro.
Além disso, a boate entregou um vídeo em que aparecem o turista russo e o verdadeiro autor do crime, um frequentador conhecido do local. O nome do verdadeiro criminoso é conhecido, e ele já foi flagrado usando drogas na boate. Essas informações foram enviadas à polícia em janeiro, mas não constam no inquérito.
“Essas imagens chegaram a ser solicitadas na fase do inquérito, porém a polícia achou que elas não seriam necessárias e concluiu as investigações”, informou Gabriel Frias, advogado de Isac.
Quando Isac foi preso, em março, o turista russo já havia deixado o Brasil. O reconhecimento foi feito por videoconferência, com apresentação de fotos — uma violação do artigo 226 do Código de Processo Penal, que exige reconhecimento presencial com outras pessoas de características semelhantes.
“Da forma como foi conduzida, é uma investigação absolutamente tendenciosa, que toma por verdade uma indicação feita pela vítima, mas que em momento algum se preocupa em investigar outros elementos”, criticou o advogado.
Apesar de ter deixado a cadeia, Isac ainda não é um homem livre. O processo segue em andamento a pedido do Ministério Público — o mesmo que recomendou a abertura da ação com base em um inquérito considerado frágil pela defesa.
“Esses traumas que eu passei não dá para apagar não. Esse lugar é terra de ninguém, insalubre”, disse Isac, emocionado. “Agora, é agradecer a Deus… abraçar minha família, minha tia, minha avó, meu tio, minha família, todo mundo”, completou no reencontro com os familiares.