O policial militar suspeito de atirar no entregador baleado Nilton Ramon de Oliveira, se apresentou à polícia e foi preso na manhã desta segunda-feira (1º). O crime, que ocorreu na comunidade do Anil, em Jacarepaguá, no último sábado (30), gerou uma onda de protestos e comoção.
O PM, que não teve a identidade revelada, chegou à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) acompanhado de um advogado e teve o mandado de prisão temporária cumprido. Segundo o delegado Alexandre Fleming, responsável pelo caso, o policial alegou em depoimento que se sentiu ameaçado e confundiu um celular que a vítima segurava com uma arma.
A versão do policial: “Achou que fosse uma arma”
De acordo com o delegado, o policial militar afirmou que estava em seu carro particular, um Honda City cinza, quando foi fechado pela moto de Nilton. Ele relatou que o entregador teria descido da moto e feito um gesto brusco em sua direção, segurando um objeto escuro.
“Ele [o PM] disse que o rapaz [Nilton] fez um movimento como se fosse sacar uma arma. Ele se antecipou e efetuou um único disparo. Depois, ele alega que ficou com medo de represálias da comunidade e fugiu do local sem prestar socorro”, explicou o delegado Fleming. O objeto que Nilton segurava era, na verdade, seu celular.
A arma usada no crime, uma pistola calibre .40, foi apreendida e será periciada. A polícia agora trabalha para confrontar a versão do PM com imagens de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas.
O crime e a comoção
Nilton Ramon, conhecido como “Negão”, era entregador de aplicativo e foi baleado enquanto trabalhava. Ele chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiu ao ferimento.
O caso do entregador baleado gerou revolta. No domingo (31), amigos e familiares realizaram um protesto que fechou a Linha Amarela por mais de três horas. Eles pediam por justiça e o fim da violência. Nilton era descrito por todos como um jovem trabalhador e sem qualquer envolvimento com o crime.
Próximos passos da investigação
Com a prisão temporária do policial por 30 dias, a Delegacia de Homicídios continuará a investigação para esclarecer todas as circunstâncias do crime. O PM responderá, inicialmente, por homicídio qualificado por motivo fútil e por não ter dado chance de defesa à vítima.
“A investigação prossegue para a gente confirmar ou não essa versão que ele apresentou. É uma versão que, a princípio, nos parece fantasiosa, mas a gente precisa de elementos para confirmar isso”, concluiu o delegado.