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A candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência da República tornou-se o assunto central da política nacional nas últimas horas. Inicialmente, o senador pelo Rio de Janeiro condicionou sua entrada na disputa à aprovação de uma anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Contudo, em um movimento brusco e contraditório, ele mudou o tom apenas um dia depois. Nesse sentido, o que parecia uma moeda de troca transformou-se em uma afirmação de que o projeto é “irreversível”. Portanto, essa oscilação não apenas confunde o eleitorado, mas também expõe as dificuldades do clã Bolsonaro em manter a hegemonia na direita.
Além disso, a estratégia errática do senador gerou reações imediatas entre aliados e adversários. De fato, ao sugerir que sua desistência teria um “preço”, Flávio enfraqueceu sua própria posição. Consequentemente, ele foi obrigado a recuar e adotar uma postura mais agressiva. Dessa forma, a narrativa de que ele é o herdeiro natural de Jair Bolsonaro enfrenta resistências internas e externas. Por outro lado, o mercado financeiro e o chamado Centrão observam com cautela, temendo que essa instabilidade prejudique a coordenação da oposição para 2026.
O ponto mais controverso dessa saga foi a declaração explícita sobre a anistia. Primeiramente, Flávio admitiu que poderia abrir mão da disputa se houvesse garantias legais para o pai e para os presos do 8 de janeiro. Ou seja, a candidatura de Flávio Bolsonaro foi apresentada, a princípio, como uma ferramenta de negociação política. Entretanto, essa abordagem soou como chantagem para diversos setores do Congresso. Logo, a repercussão negativa forçou uma correção de rota imediata por parte do senador.
Em contrapartida, ao declarar posteriormente que sua candidatura não está à venda, Flávio tenta recuperar a autoridade perdida. Ainda assim, a imagem de que ele estaria disposto a negociar o capital político da família ficou marcada. Segundo analistas, isso demonstra um certo desespero diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Ademais, revela que a prioridade do grupo pode ser a proteção jurídica, e não necessariamente um projeto de governo estruturado. Portanto, a dualidade entre ser candidato ou ser um negociador enfraquece a coesão do Partido Liberal (PL).
Paralelamente, a movimentação de Flávio atinge diretamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Embora fosse considerado o nome favorito da Faria Lima e de parte da direita tradicional, Tarcísio mantém um silêncio eloquente. De fato, Flávio chegou a afirmar que possui uma vantagem sobre o governador: o sobrenome Bolsonaro. Nesse contexto, a candidatura de Flávio Bolsonaro surge como um desafio direto à liderança de Tarcísio. Consequentemente, cria-se um ambiente de constrangimento no Palácio dos Bandeirantes.
Por outro lado, Tarcísio tem evitado confrontos públicos, preferindo focar na gestão estadual. Mesmo assim, a pressão para que ele se posicione aumenta a cada dia. Afinal, se a família Bolsonaro insistir em um nome próprio, a direita poderá chegar dividida em 2026. Além disso, pesquisas recentes indicam que Tarcísio seria mais competitivo no segundo turno do que qualquer filho do ex-presidente. Dessa maneira, a insistência de Flávio pode ser vista como um movimento de autopreservação familiar em detrimento da estratégia eleitoral do campo conservador.
Simultaneamente, Flávio Bolsonaro convocou caciques do Centrão para uma reunião em sua residência em Brasília. O objetivo era quebrar as resistências ao seu nome dentro da coalizão. No entanto, a adesão não foi unânime. Por exemplo, figuras importantes como Marcos Pereira, presidente do Republicanos, não garantiram presença. Isso demonstra, inegavelmente, que a liderança automática dos Bolsonaro sobre o Centrão já não é uma realidade absoluta. Portanto, a candidatura de Flávio Bolsonaro enfrenta obstáculos práticos de articulação política.
Além disso, muitos parlamentares temem que a radicalização do discurso afaste o eleitorado de centro. Pois, para vencer uma eleição majoritária, é necessário ir além da base fiel. Contudo, a família parece dobrar a aposta na polarização. Nesse sentido, aliados pragmáticos começam a avaliar outras opções, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior. Dessa forma, o jantar convocado por Flávio serviu mais para medir a temperatura do isolamento do que para consolidar apoio. Consequentemente, o senador terá que trabalhar muito para convencer a velha política de que é viável.
Adicionalmente, a disputa ganhou contornos de briga familiar nas redes sociais. Imediatamente após o anúncio, Carlos Bolsonaro saiu em defesa do irmão. Contudo, ele o fez atacando os chamados “isentões” e a direita moderada. Segundo postagens de Carlos, aqueles que não apoiam a Flávio Bolsonaro candidatura seriam “putinhas do sistema”. Certamente, esse tipo de linguagem afasta ainda mais os aliados que buscam moderação. Porém, serve para energizar a base mais radical nas redes.
Entretanto, essa tática de “nós contra eles” dentro da própria direita pode ser um tiro no pé. Visto que a eleição se ganha somando forças, e não subtraindo. Ainda assim, a família Bolsonaro parece acreditar que detém o monopólio da verdade na oposição. Por conseguinte, qualquer dissidência é tratada como traição. Dessa maneira, o episódio reforça a percepção de que o clã prioriza a lealdade canina em vez da competência política ou da viabilidade eleitoral.
Finalmente, o cenário para 2026 permanece nebuloso. Embora Flávio afirme que sua candidatura é irreversível, a política é dinâmica. De fato, a reação negativa do mercado e a frieza do Centrão são indicativos importantes. Além disso, a sombra de Tarcísio de Freitas continua grande. Portanto, é possível que essa movimentação seja apenas uma forma de marcar território antes de uma negociação final. Em suma, a candidatura de Flávio Bolsonaro testou os limites da fidelidade na direita e, até agora, o resultado foi a divisão.