O governo brasileiro está disposto a negociar com os Estados Unidos para evitar a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos nacionais, que pode entrar em vigor a partir da próxima sexta-feira (1). A informação foi confirmada à CNN pela ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Para liderar as conversas, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, viajou aos Estados Unidos e se colocou à disposição do governo de Donald Trump para dialogar sobre alternativas à taxação.
Soberania não está na mesa de negociação
Apesar da disposição para o diálogo comercial, a ministra Gleisi Hoffmann foi enfática ao afirmar que não há margem para flexibilizações em temas relacionados à soberania nacional. Ela descartou qualquer possibilidade de interferência no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) como moeda de troca.
“Estamos dispostos a negociar comercialmente, mas não recuaremos na defesa da nossa soberania, da nossa democracia e na independência dos poderes”, disse a ministra à CNN.
Gleisi ressaltou que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é para que o governo atue com “firmeza e sobriedade”. Segundo ela, o Brasil aguarda com cautela para ver o que “realmente vai acontecer” na sexta-feira.
Acordo dos EUA com a União Europeia
Enquanto a tensão com o Brasil aumenta, o presidente Donald Trump anunciou, neste fim de semana, um acordo comercial com a União Europeia, representada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
No acordo, a tarifa geral sobre produtos europeus foi reduzida de 30% para 15%. Em contrapartida, o bloco europeu se comprometeu a comprar US$ 750 bilhões em energia dos Estados Unidos e a investir US$ 600 bilhões a mais em equipamentos militares americanos.
Apesar de evitar tarifas mais altas, analistas apontam que o acordo pode prejudicar a competitividade da indústria europeia e afetar setores produtivos que agora enfrentarão uma tarifa zero de importação para produtos americanos.
