Autor do atentado a faca cumprirá medida de segurança por mais 14 anos

Preso desde setembro de 2018 após o atentado contra o então candidato à presidência Jair Bolsonaro (PL), Adélio Bispo deverá permanecer detido até, pelo menos, 2038. Uma recente decisão judicial estabeleceu esta previsão para a liberação do interno, atualmente com 46 anos.

A determinação significa que Adélio permanecerá sob custódia do Estado até completar 60 anos de idade. Durante todo este período, ele continuará em regime de segurança máxima na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Decisão altera regime de internação para execução penal

Adélio Bispo foi considerado inimputável pela Justiça brasileira devido a um diagnóstico de transtorno delirante persistente. Esta condição levou à sua absolvição criminal, conforme previsto na legislação para casos de doença mental.

Desde a absolvição, o autor do atentado cumpria medida de segurança por tempo indeterminado. Com a nova decisão judicial, no entanto, sua situação jurídica sofreu uma alteração significativa: a internação agora passa a ser considerada dentro do sistema de execução penal.

Apesar da mudança no status jurídico, o processo de execução da pena de Adélio apresenta inconsistências notáveis. No Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU), não consta registro de cumprimento de pena – apenas a informação “tempo indeterminado”.

Documentação revela falhas no registro do tempo de reclusão

Um relatório anexado ao processo de Adélio Bispo evidencia problemas administrativos em seu caso. Segundo o documento, não existe contabilização oficial do tempo de reclusão já cumprido pelo autor do atentado contra Bolsonaro.

Esta lacuna na documentação levanta questões sobre o controle e acompanhamento efetivo do caso, considerado um dos mais emblemáticos da história política recente do Brasil. A falta de registro preciso contrasta com a alta segurança sob a qual o detento permanece.

Condições de detenção e comportamento na prisão

Adélio Bispo permanece isolado em uma cela de apenas 6 metros quadrados na unidade de segurança máxima. Segundo informações divulgadas pelo portal Metrópoles, baseadas em relatos de agentes penitenciários, o interno tem demonstrado comportamento resistente às rotinas carcerárias.

Os agentes afirmam que Adélio tem recusado consistentemente os banhos de sol, direito básico de todos os detentos. Mais preocupante ainda é sua resistência ao tratamento médico, rejeitando os medicamentos prescritos para sua condição psiquiátrica.

“Não sou doido”, teria declarado Adélio ao justificar sua recusa em tomar os remédios. Esta afirmação contrasta diretamente com o diagnóstico oficial que fundamentou sua inimputabilidade perante a Justiça brasileira.

O caso de Adélio Bispo continua a suscitar debates sobre o sistema de justiça criminal brasileiro, especialmente no que diz respeito ao tratamento de pessoas com transtornos mentais que cometem crimes de grande repercussão nacional.